10.5.10

A releitura da roda

'O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer: de modo que nada novo há debaixo do sol'
Eclesiastes 1:9


Tudo o que ele via era repetição, inutilidade e falta de significado para a vida. Comparava-se à Salomão que, no capítulo de abertura de Eclesiastes, encarou a ordem cíclica das coisas e encontrou razão para o desespero: buscava sabedoria e notou que era deprimente. Considerou a vida efêmera.

Mas entendia que a vida deveria ir além dos ciclos, além das repetições. Não há novo debaixo do Sol, sim, mas não era necessário que houvesse, pois afirmava que o grande salto da inércia ao movimento se dava quando tudo isso que nos é pertinente passa a ser visto num diferente ponto de vista, que também não é novo, mas não é maioria.

Certa vez, Ludwig Wittgenstein disse: "O mundo daquele que é feliz é diferente do mundo do homem infeliz." E aqui vai uma notícia ruim, ambos viviam no mesmo mundo físico. Riu para si próprio. Encontrou a autenticidade das coisas, inclusive a sua, na releitura que fazia daquilo que lhe era proposto.

Volta e meia encontrava pessoas que lhe fazia sorrir com tão pouco, que o fazia em puro ódio, puro carinho, tristeza...
E então perguntava-se como elas conseguem isso quando na verdade deveria se preocupar em mantê-las próximas, em amá-las, se necessário, pois se não encontrava um bom motivo para isso, pelo menos fugia de ver o mesmo quadro passar à sua fronte e de nada isso lhe acrescentar algo.

Abriu seu amarelado livro de anotações, leu outra frase, Pierce: 'não há nada novo sob o sol, mas há muitas coisas velhas que não conhecemos'. Riu para si próprio.

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